domingo, 26 de setembro de 2010

Mais uma de Pink Floyd

O tempo:  será tempo passado, futuro, eterno ou tempo perdido daqueles que pensam ter todo tempo do mundo?


Falando nisso...

Quem não conhece o clássico "The Wall", de Pink Floyd?

Recordar... é viver.... direto do túnel do tempo...
Cruzes, parece "chavão global"...


Simpsons - Bart e o TDA

Cenas de um episódio dos Simpsons que satiriza o diagnóstico de Transtorno de Déficit de Atenção (TDA) e a indústria farmacêutica por trás dos medicamentos psicotrópicos.




Criamos padrões de normalidade e de moralidade para enquadrar a todos (ou criaram por nós?) , se não funciona a imposição pela lei, pela moral ou pela religião, a este adestramento, façamos uso dos diversos medicamentos da indústria farmacêutica: criamos as loucuras e depois os "remédios" para a cura!

Em sua "Genealogia da Moral", Nietzsche nos traz este processo de adestramento e culpabilidade humana, que encontra em discursos externos as "soluções" pela depressão de sua própria existência: o que outrora foi considerado bem ou mal não tem valor em si de bem ou mal, pode até ter sido a princípio produzido por determinados interesses de um grupo dominante, tese de muitos psicólogos genealogistas da moral, mas na verdade, o que traz esse conjunto de ideais é o "ressentimento": impotentes diante do poder do outro e de sua fraqueza, os fracos produzem discursos e revertem os valores e revelam como bom e abençoados os comportamentos de doutrinamento, o bom homem é o homem domado.
Seguido por diversas gerações, tais ações provocaram  as "doenças" humanas, as incompletudes as negações si mesmo e a servidão voluntária, digamos assim. E para aqueles que tentam culpar o outro a sua tragédia, o sacerdote ascético tem a resposta: existe um culpado: tu mesmo, posto que comete a falta humana de seus ancestrais - o pecado original e demais pecados que precisa redimir e castigar-se a vida toda, aceitando tua condição doente de ser.
Acrescento que, neste aspecto de criação doente da humanidade, a ciência ajuda a corroborar esta ordem, não tem ferramentas de fé tão profundas como a religião (diria Nietzsche), mas enquanto prática de adequação ao discurso e até mesmo como servidora deste modelo político e econômico que vigora atualmente (capitalismo), medica estes doentes da existência que não encontram a liberdade de “suas” ideias fixas, ideias plantadas em sua mente e sustentadas cuidadosamente dia após dia como verdade única, tão única como a outra idéia o é para o outro.

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

ESTRANGEIRISMO

 Estrangeirismo
Zé Ramalho

Outro dia me convidaram pra ir ao Mc'Donalds comemos X burger
O salao estava, lotado fizemos os pedidos atraves de um tal de , drive tru
Os colegas percebendo a minha irritação disseram:Se tu estiver com pressa eles tem um sistema de delivery maravilhoso
Desacustumado com esse linguajar chamei os 'cabas':vamos s'imbora.
Seguimos pela avenida Henrique Shaumann, onde pude observar um outdor ,que estava escrito China in box
e uma seta indicativa parking ,nós nao paramos por lá nao.
Seguimos mais adiante avistamos um restaurante bonito e luxuoso e na porta de entrada uma luz neon piscando escrita :open.
quando olhei pro chão pude ver um capacho abandonado com a bandeira americana me convidando : welcome
ao adentrar á aquele recinto pude observar na decoraçao
e nas paredes estavam escritas assim :ice cake ,x egg , x burger e fast food.
Eu pensei comigo :Food na Bahia agente usa numa outra situação.
Do meu lado esquerdo uma garota tomava uma cerveja numa lata vermelha e azul cuja a marca era bud wicer
o camarada que lhe acompanhava com sua long neck Heineken
Do meu lado direito uma loira bonita ,peituda falava pro cabra com uma voz sensual assim :eu trabalho numa relax for men .
e ele pergunta pra ela : fica proximo do motel my flowers ?
e ela disse : nao baby , fica junto a night clube wonderful penetration
a fome aumentava juntamente com a raiva
e eu não sabia seu eu pedia um hot dog ou um simples cachorro quente
'emputecido' mais uma vez com aquela situação chamei os caboclos : vamos s'imbora
Na saída o manobrista nos recebe e nos entraga a chave do nosso possante veículo
um Fusca 68 fabricado em Volta Redonda na época do presidente Jucelino Kubitcheck
ele olha pra mim e me diz :Thank you sur and have good night
e eu usando toda minha simplicidade e educaçao que aprendi no sertão da Bahia ,eu olhei pra ele e lhe disse :
'' Vá pra puta que lhe pariu ''

Eu gostaria de falar com presidente pra cuidar melhor da gente que vive nesse país
nossa gramatica esta tão dividida tem gente falndo happy , pensando que é feliz
Acabaria com esse tal de estrangeirismo que pertuba nossa lígua e muda tudo de vez
e os mendigos que hoje vivem nas calçadas ensinaria ao brasileiro que aqui se fala o português
Sou simples ,sou composto,oculto ,indeterminado ,particípio, eu sou gerúndio ,fônema sim senhor , adjetivo ,predicado , eu sou sujeito , ainda trago no meu peito esse país com muito amor
Sou simples ,sou composto,oculto ,indeterminado ,particípio, eu sou gerúndio ,fônema sim senhor , adjetivo ,predicado ,eu sou sujeito , ainda trago no meu peito esse país sofredor
Lá no centro da cidade quase que morri de fome
tanta coisa ,tanto nome sem eu saber pronunciar é : Fast Food , Delivery , Self Service , Hot Dog , Catchup
Eu só queria almoçar

Lá no centro da cidade quase que morri de fome
tanta coisa ,tanto nome sem eu saber pronunciar é : Fast Food , Delivery , Self Service , Hot Dog , Catchup
Meu Deus onde é que eu vim parar

'' Oxente problem''

domingo, 19 de setembro de 2010

Olha só essa passeata contra a Globo, e nós aqui, o que faremos?

Estudantes protestam contra Rede Globo nas ruas de Imperatriz

Estudantes universitários e de cursinhos, professores e colegas de trabalho do professor  da UEMA Antônio Augusto Frazão,  foram ás ruas na tarde desta quarta-feira protestar contra a Rede Globo de Televisão. O protesto, com direito a gritos de palavras de ordem, é uma das reações da cidade contra a matéria apresentada no último domingo no Fantástico pelo médico ateu Drauzio Varela, sobre as pesquisas dos poderes curativos de extratos da Graviola realizadas em Imperatriz pelo professor.

No  programa o conceituado mestre foi mostrado como um charlatão e não como um acadêmico dedicado de corpo e alma à pesquisa.

Os imperatrizenses também se sentiram ofendidos pelo modo como o “doutor Drauzio apresentou a cidade: uma cidade, segundo ele formada por pobres e analfabetos.

O ato começou na Praça de Fátima e terminou na porta da TV Mirante, afiliada da GLOBO e reuniu cerca de mil manifestantes.

“O ato, foi extremamente respeitoso. O objetivo foi atingido. Chamamos a atenção e externamos nossa indignação com o mal que a TV Globo fez contra a cidade de Imperatriz  contra o Frazão” comentou o professor Marco Aurélio Azevedo, dono do  Cursinho Teorema.


vintum.wordpress.com


 praeumeouvir.blogspot.com


vagnerfabbri.zip.net

Este é só um dos milhares de exemplos... 
sem falar no momento político rede globo, mas esta é outra história...

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Não podia deixar passar a oportunidade...

O críticos são tão criativos quanto os que estão rolando na mídia, mas o humor é inteligênte e reflexivo, por isso fica na periferia dos meios de comunicação e seus trabalhos não são  divulgados: fazer pensar, e de forma fundamentada  sem manipulações da realidade, é perigoso!
 



Adilson re-escreve o “E agora, José ?” (www.conversaafiada.com.br)

É, José, em Minas dizem assim: “até nunca mais”

O amigo navegante Adilson Filho acaba de compor essa obra-prima do cancioneiro drummondiano:

Prezado Paulo Henrique,

Segue “o poema” E agora José?! ou Canção do dia “pra sempre”
Um abraço

Adilson (E agora?)

E agora, José?!


E agora, José?! (ou Canção do dia “pra sempre”)


E agora, José?

A festa acabou,

a Dilma ganhou

o Índio sumiu,

a Globo mudou..

e agora, José?

e agora, você?


você que é sem graça,

que zomba da massa,

você que fez plágio

que amou o pedágio

e agora, José?


Está sem “migué”

está sem discurso,

está sem caminho..

não pode beber,

não pode fumar,

cuspir não se pode,

nem mesmo blogar?


a noite esfriou,

o farol apagou

o voto não veio,

o pobre não veio,

o rico não veio..

não veio a utopia

não veio o João

tão pouco a Maria


e tudo acabou

o Diogo fugiu

o Bornhausen mofou,

e agora, José


E agora, José ?

Sua outra palavra,

seu instante de Lula:

careca de barba!

sua gula e jejum,

sua favela dourada

sua “São-Paulo de ouro”

seu telhado de vidro,

sua incoerência,

seu ódio – e agora ?


com a chave na mão

quer abrir qualquer porta,

não existe porta;

o navio afundou

quer morrer no mar,

mas o mar secou;

quer ir para Minas,

Minas não há mais.

nem Rio, Bahia, Sergipe, Goiás..

José, e agora ?


Se você gritasse,

se você gemesse,

se você tocasse

a valsa da despedida

e a Miriam tirasse…

se você dormisse,

se você cansasse,

como o leitor do Noblat

se você “morresse”

Mas você não morre,

você é vaso “duro”, José !


E sozinho no escuro

qual bicho-do-mato,

sem teogonia,

sem megalomania

Sem Folha, O Globo, Estadão, o Dia..

sem Cantanhede

para se encostar,

sem o cheiro da massa

pra você respirar..


e sem cavalo grego

que fuja a galope,

sem o Ali Babá

pra lhe arranjar algum golpe,

você marcha, José !

José, pra onde?

pra sempre?


E agora, José?

Se quando a festa acabou, o povo falou

que sem você, podia muito mais..

Então, nesse caso: Até nunca mais, José!


ps: O Dia foi só pra compor a rima.

domingo, 12 de setembro de 2010

Robert Fisk e o 11 de setembro

                                                                                      umornatela.wordpress.com

Duas guerras, milhares de mortos…        

9 anos, 2 guerras, centenas de milhares de mortos… E não aprendemos coisa alguma?

Publicado em : 12 de setembro de 2010 às 6:53

10/9/2010, Robert Fisk, The Independent, UK
Tradução de Caia Fittipaldi

O 11/9 nos enlouqueceu todos? Nossa homenagem aos inocentes que morreram há nove anos continua a ser um holocausto de fogo e sangue.

O 11/9 nos enlouqueceu todos? O quanto faz perfeito sentido, de um modo alucinado, enlouquecido, que a apoteose da tempestade de fogo há nove anos seja, hoje, um pregador pirado que ameaça nos ferir com outra tempestade de fogo à moda da queima de livros dos nazistas! E ameaça fazer piras de livros do Corão. Ou a campanha contra uma mesquita a ser construída a dois quarteirões do “marco zero” – como se o 11/9 tivesse sido ataque a cristãos que cultuam Jesus, em vez de ataque contra o ocidente ateu.

Mas, afinal, por que nos surpreender? Basta olhar para outros desses doidos que brotam depois de cada crime contra a humanidade: o semidoido Ahmadinejad; Gaddafi, o pegajoso pós-nuclear; Blair com aquele olho direito de maníaco e George W Bush, com suas prisões negras e torturas e a completamente lunática “guerra ao terror”. E o desprezível que viveu – e talvez ainda viva – numa caverna afegã e as centenas de al-Qaedas que criou, e o mullah Omar caolho – para não falar dos agentes lunáticos das agências de inteligência e da CIA principalmente – que não nos salvaram do 11/9 porque foram muito lentos ou idiotas demais para identificar 19 homens que atacariam os EUA. E lembrem: ainda que o Rev. Terry Jones continue persuadido a desistir de queimar livros do Corão, já há vários outros doidos como ele, de plantão, prontos a assumir seu lugar.
De fato, nesse sombrio 9º aniversário – e deus nos ajude, quando chegar o 10º, ano que vem – o 11/9 parece ter produzido só monstros, nenhuma paz, nenhuma justiça, nenhuma melhor democracia. Destruíram o Iraque – os doidos ocidentais e os doidos da cepa local – e massacraram 100 mil almas, ou 500 mil, ou um milhão; e quem liga? E mataram dezenas de milhares no Afeganistão; e quem liga? E enquanto a praga se espalha pelo Oriente Médio e pelo globo, eles – os pilotos da força aérea e os insurgentes, os fuzileiros e os homens-bomba, as al-Qaedas do Maghreb e do Khalij e do Califato do Iraque e as forças especiais e os garotos do apoio aéreo e os degoladores – degolaram mulheres e crianças e velhos e doentes e jovens e saudáveis, do Indus ao Mediterrâneo, de Bali ao metrô de Londres; que homenagem aos 2.966 inocentes que morreram há nove anos! Em nome daqueles mortos, oferecemos o holocausto que produzimos, de fogo e sangue; e, agora, a sandice do pregador doido de Gainesville.
Essas foram as perdas, é claro. Mas… quem ficou com o lucro? Bem, os mercadores de armas, é claro; e as Boeing e Lockheed Martin e os que vendem mísseis e fabricam aviões-robôs e peças de reposição para os F-16 e os mercenários sanguinários que confiscam terras de muçulmanos em nosso nome. Sobretudo agora, quando já produzimos mais de 100 mil novos inimigos para cada um dos 19 assassinos do 11/9. Os torturadores vivem boa vida, gozando seu sadismo nas prisões negras dos EUA – e seria conveniente que, nesse 9º aniversário, o mundo fosse afinal informado de que há um centro de tortura dos EUA, em pleno funcionamento, na Polônia –, homens (e mulheres, temo) que já aperfeiçoaram as técnicas de sufocamento e afogamento mediante as quais o ocidente guerreia as guerras contemporâneas. E, isso, sem esquecer todos os religiosos fanáticos do mundo, sejam do tipo Bin Laden, ou os barbudos do Talibã, sejam os homens-bomba, sejam pregadores malucos grisalhos de gravata como aquele pregador, o nosso maluco, o de Gainesville.
Mas Deus? Onde entra Deus em tudo isso? Um arquivo de citações sugere que todos os monstros brotados do ou criados no 11/9 são seguidores desse quixotesco redentor. Bin Laden reza a Deus – “que faça dos EUA uma sombra do que é”, como me disse, pessoalmente, em 1997 –, e Bush reza a Deus, e Blair rezava – e ainda reza – a Deus, e todos os matadores muçulmanos e milhões de soldados ocidentais matadores e também o “Doutor” (honorário) “Pastor Terry Jones” e seus 30 (talvez 50, porque, nessa “guerra ao terror” as estatísticas nunca batem) seguidores também rezam a Deus. E o pobre velho Deus, é claro, tem de ouvir todas as rezas cujo coro aumenta durante as guerras. Relembremos as palavras atribuídas a Deus, por poeta de outra geração: “Deus isso, Deus aquilo, e Deus sabe-se lá o quê! Santo Deus! Assim, meu trabalho fica pela metade!” [1] E foi só a Primeira Guerra Mundial!
Há apenas cinco anos – no 5º aniversário dos ataques às torres gêmeas/Pentágono/Pensilvânia – uma aluna perguntou-me, numa conferência numa igreja em Belfast, se o Oriente Médio se beneficiaria por lá haver mais religião. Não!, rugi, na resposta. É preciso menos religião! Deus é assunto de contemplação, não de guerras. Mas – e aqui somos jogados contra os recifes e rochas escondidas que nossos líderes querem que não vejamos, que esqueçamos, que as ponhamos de lado – há, sim, esse inferno de sangue que envolve todo o Oriente Médio. São povos muçulmanos que mantiveram sua fé, enquanto os ocidentais, que os oprimem militarmente, economicamente, culturalmente, socialmente – já perderam qualquer fé. Como é possível?, perguntam-se os muçulmanos. De fato, é soberbamente irônico que o Rev. Jones seja homem de fé, enquanto já não há ninguém à volta dele que tenha qualquer fé. Por isso os nossos livros e documentários jamais falam de muçulmanos versus cristãos, mas de muçulmanos versus “O Ocidente”.
E, claro, há o tabu, o tema de que não se pode falar – o relacionamento entre Israel e os EUA, e o apoio incondicional dos EUA ao roubo de terras, porque Israel rouba terras dos árabes muçulmanos todos os dias –, também está no âmago da crise terrível que assola nossas vidas.
Na edição de The Independent da 6ª-feira, viam-se fotos de uma demonstração no Afeganistão em que os manifestantes gritavam “morte aos EUA”. Mas ao fundo, os mesmos manifestantes carregavam um estandarte negro escrito em dari, com tinta branca. Lá se lia – e nenhum jornal ocidental traduziu – “O regime sionista sanguinário e os líderes ocidentais indiferentes ao sofrimento dos palestinos mais uma vez celebram o ano novo com mais sangue palestino derramado”.
É mensagem de violência terrível – mas prova, mais uma vez, que a guerra em que estamos afundados é disputa também da questão Israel-palestinos. Talvez o “Ocidente” prefira acreditar que os muçulmanos “nos odeiam pelo que somos” ou que odeiem “nossa democracia” (é o que sempre mentiram Bush, Blair e uma horda de políticos mentirosos) – mas o conflito entre Israel e palestinos está no centro da “guerra ao terror”. Porque está. E, porque está, o igualmente vicioso Benjamin Netanyahu, ao reagir às atrocidades do 11/9, disse que ‘o evento’ seria bom para Israel. Israel poderia passar a dizer que, contra os palestinos, lá também se lutava “a guerra ao terror”, e que Arafat – e foi o que disse o hoje semimorto Ariel Sharon – seria “nosso Bin Laden”. Assim, os israelenses puderam atrever-se a dizer que Sderot, sob chuva de mísseis de lata do Hamás, seria “o marco zero israelense”.
Nada disso é verdade. A batalha de Israel contra os palestinos é caricatura fantasmagórica da “guerra do terror” do “Ocidente”, mediante a qual o Ocidente dá apoio ao último projeto colonial do planeta – e aceita os milhões de mortos –, porque as torres gêmeas, o Pentágono e o avião da United voo 93 foram atacados por 19 assassinos árabes há nove anos.
Há uma horrenda ironia no fato de que um dos resultados diretos do 11/9 tenha sido a legião de policiais e agentes e ‘especialistas’ que voaram imediatamente para Israel para aprimorar sua “expertise antiterroristas” com a ajuda de oficiais israelenses que muito provavelmente – nos termos divulgados pela ONU – são criminosos de guerra. Não surpreende que os heróis que fuzilaram o infeliz Jean Charles de Menezes, brasileiro, no metrô de Londres em 2005 estivessem recebendo assessoramento “antiterroristas” dos israelenses.
Ah, sim, já sei o que vão dizer. Que não podemos comparar a ação de terroristas do mal e a coragem de jovens policiais ingleses, homens e mulheres, que defendem vidas inglesas – e sacrificam as próprias vidas – nos fronts da “guerra ao terror”. Não há comparação. Não são “iguais”. “Eles” matam inocentes, porque “eles” são o mal. “Nós” matamos inocentes… por engano. Mas nós sabemos que vamos matar inocentes – aceitamos a evidência de que mataremos inocentes, que nossos atos criarão valas comuns nas quais se enterrarão famílias inteiras dos mais pobres, dos mais fracos, dos mais desamparados.
Por isso inventamos o conceito obsceno de “dano colateral”. Porque se “colateral” significar que aqueles mortos são inocentes, então “colateral” também significaria que os que os assassinam também seriam inocentes. Não queríamos assassiná-los – por mais que sempre soubéssemos que os assassinaríamos. “Colateral” é nossa licença para matar. Essa única palavra faz toda a diferença entre “nós” e “eles”, entre o nosso direito divino de matar e o direito divino de Bin Laden matar. As vítimas, ocultadas como cadáveres “colaterais”, já nem se contam, porque são provas do nosso crime. Talvez lhes tenha doído menos. Talvez morrer por tiro de avião-robô seja morte mais doce, partida mais suave desse vale de lágrimas. Ou, quem sabe, ser cortado ao meio e eviscerado por um míssil AGM-114C Boeing-Lockheed ar-terra doa menos do que voar pelos ares aos pedaços por efeito de uma bomba no acostamento ou de algum cruel homem-bomba que se suicide na rua.
Por isso é que sabemos quantos morreram no 11/9 – 2.966, e o número talvez seja maior – mas nem contamos os mortos que nós matamos. Porque eles – “nossas” vítimas – nem são identificáveis, nem são inocentes, nem são humanos, não têm causas, nem crenças, nem sentimentos; e porque já matamos muito, muito, muito mais gente que Bin Laden e os Talibã e a al-Qaeda.
Aniversários são eventos para jornais e televisões. E parecem ter o mau hábito de se unirem sempre em cenários trágicos. Assim os ingleses comemoram a “Batalha da Bretanha” – episódio cavalheiresco da história dos britânicos – e a “Blitz”, bisavó dos assassinatos em massa, mas símbolo de uma espécie ingênua de coragem –, como lembramos o início de uma guerra que rachou pelo meio a moralidade pública, converteu políticos britânicos em criminosos de guerra, nossos soldados em assassinos e nossos inimigos em heróis da causa contra o Ocidente.
E, ao mesmo tempo em que, nesse tormentoso aniversário, o Rev. Jones prega que se queime um livro intitulado “Corão”, Tony Blair está em campo para vender um livro intitulado “Uma jornada”. Jones disse que o Corão seria “o mal”. Muitos britânicos perguntam-se se o livro de Blair não deveria chamar-se “O Crime”. Não há dúvida de que o 11/9 já virou delírio, se o Rev. Jones consegue atrair a atenção dos Obamas dos Clintons, do Santo Padre e até da ainda mais santa ONU. Aqueles que os deuses querem destruir, os deuses primeiro enlouquecem…
[1] No orig. “God this, God that, and God the other thing. ‘Good God,’ said God, ‘I’ve got my work cut out’. São versos conhecidos na Inglaterra como “a quadrinha da [primeira] Grande Guerra”, de autor desconhecidos, mas atribuídos a J.C. Squire, depois Sir John Squire.

terça-feira, 7 de setembro de 2010

O que FHC tem a ver com a CIA?

                                                                  
  

                                                                                       cronicasdorlando.blogspot.com

“Frances Stonor Saunders: Quem pagou a Conta? A CIA na guerra fria da cultura”
Mal chegou às livrarias, o livro recém-lançado – Quem pagou a conta? A CIA na guerra fria da cultura – já se transformou na ‘gazua’ que os adversários dos tucanos e neoliberais de todos os matizes mais desejavam. Em mensagens distribuída, neste domingo, pela internet, já é possível perceber o ambiente de enfrentamento que precede as eleições deste ano.
A obra da pesquisadora inglesa Frances Stonor Saunders (editada no Brasil pela Record, tradução de Vera Ribeiro), ao mesmo tempo em que pergunta, responde: quem “pagava a conta” era a CIA, a mesma fonte que financiou os US$ 145 mil iniciais para a tentativa de dominação cultural e ideológica do Brasil, assim como os milhões de dólares que os procederam, todos entregues pela Fundação Ford a Fernando Henrique Cardoso, ex-presidente do país no período de 1994 a 2002.
O comentário sobre o livro consta na coluna do jornalista Sebastião Nery, na edição deste sábado do diário carioca Tribuna da Imprensa. “Não dá para resumir em uma coluna de jornal um livro que é um terremoto. São 550 páginas documentadas, minuciosa e magistralmente escritas: “Consistente e fascinante” (The Washington Post). “Um livro que é uma martelada, e que estabelece em definitivo a verdade sobre as atividades da CIA” (Spectator). “Uma história crucial sobre as energias comprometedoras e sobre a manipulação de toda uma era muito recente” (The Times).
Dinheiro da CIA para FHC
“Numa noite de inverno do ano de 1969, nos escritórios da Fundação Ford, no Rio, Fernando Henrique teve uma conversa com Peter Bell, o representante da Fundação Ford no Brasil. Peter Bell se entusiasma e lhe oferece uma ajuda financeira de 145 mil dólares. Nasce o Cebrap”. Esta história, assim aparentemente inocente, era a ponta de um iceberg. Está contada na página 154 do livro “Fernando Henrique Cardoso, o Brasil do possível”, da jornalista francesa Brigitte Hersant Leoni (Editora Nova Fronteira, Rio, 1997, tradução de Dora Rocha). O “inverno do ano de 1969″ era fevereiro de 69.
Fundação Ford
Há menos de 60 dias, em 13 de dezembro, a ditadura havia lançado o AI-5 e jogado o País no máximo do terror do golpe de 64, desde o início financiado, comandado e sustentado pelos Estados Unidos. Centenas de novas cassações e suspensões de direitos políticos estavam sendo assinadas. As prisões, lotadas. Até Juscelino e Lacerda tinham sido presos. E Fernando Henrique recebia da poderosa e notória Fundação Ford uma primeira parcela de 145 mil dólares para fundar o Cebrap (Centro Brasileiro de Análise e Planejamento). O total do financiamento nunca foi revelado. Na Universidade de São Paulo, sabia-se e se dizia que o compromisso final dos americanos era de 800 mil a um milhão de dólares.
Agente da CIA
Os americanos não estavam jogando dinheiro pela janela. Fernando Henrique já tinha serviços prestados. Eles sabiam em quem estavam aplicando sua grana. Com o economista chileno Faletto, Fernando Henrique havia acabado de lançar o livro “Dependência e desenvolvimento na América Latina”, em que os dois defendiam a tese de que países em desenvolvimento ou mais atrasados poderiam desenvolver-se mantendo-se dependentes de outros países mais ricos. Como os Estados Unidos.
Montado na cobertura e no dinheiro dos gringos, Fernando Henrique logo se tornou uma “personalidade internacional” e passou a dar “aulas” e fazer “conferências” em universidades norte-americanas e européias. Era “um homem da Fundação Ford”. E o que era a Fundação Ford? Uma agente da CIA, um dos braços da CIA, o serviço secreto dos EUA.
Milhões de dólares
1 – “A Fundação Farfield era uma fundação da CIA… As fundações autênticas, como a Ford, a Rockfeller, a Carnegie, eram consideradas o tipo melhor e mais plausível de disfarce para os financiamentos… permitiu que a CIA financiasse um leque aparentemente ilimitado de programas secretos de ação que afetavam grupos de jovens, sindicatos de trabalhadores, universidades, editoras e outras instituições privadas” (pág. 153).
2 – “O uso de fundações filantrópicas era a maneira mais conveniente de transferir grandes somas para projetos da CIA, sem alertar para sua origem. Em meados da década de 50, a intromissão no campo das fundações foi maciça…” (pág. 152). “A CIA e a Fundação Ford, entre outras agências, haviam montado e financiado um aparelho de intelectuais escolhidos por sua postura correta na guerra fria” (pág. 443).
3 – “A liberdade cultural não foi barata. A CIA bombeou dezenas de milhões de dólares… Ela funcionava, na verdade, como o ministério da Cultura dos Estados Unidos… com a organização sistemática de uma rede de grupos ou amigos, que trabalhavam de mãos dadas com a CIA, para proporcionar o financiamento de seus programas secretos” (pág. 147). FHC facinho
4 – “Não conseguíamos gastar tudo. Lembro-me de ter encontrado o tesoureiro. Santo Deus, disse eu, como podemos gastar isso? Não havia limites, ninguém tinha que prestar contas. Era impressionante” (pág. 123).
5 – “Surgiu uma profusão de sucursais, não apenas na Europa (havia escritorios na Alemanha Ocidental, na Grã-Bretanha, na Suécia, na Dinamarca e na Islândia), mas também noutras regiões: no Japão, na Índia, na Argentina, no Chile, na Austrália, no Líbano, no México, no Peru, no Uruguai, na Colômbia, no Paquistão e no Brasil” (pág. 119).
6 – “A ajuda financeira teria de ser complementada por um programa concentrado de guerra cultural, numa das mais ambiciosas operações secretas da guerra fria: conquistar a intelectualidade ocidental para a proposta norte-americana” (pág. 45). Fernando Henrique foi facinho.




DA SERVIDÃO MODERNA: VOLUNTÁRIA.











sábado, 4 de setembro de 2010