domingo, 29 de julho de 2012

SEM COMENTÁRIOS...

Que a força do medo que tenho
Não me impeça de ver o que anseio
Que a morte de tudo em que acredito
Não me tape os ouvidos e a boca
Porque metade de mim é o que eu grito
Mas a outra metade é silêncio.
Que a música que ouço ao longe
Seja linda ainda que tristeza
Que a mulher que eu amo seja pra sempre amada
Mesmo que distante
Porque metade de mim é partida
Mas a outra metade é saudade.
Que as palavras que eu falo
Não sejam ouvidas como prece e nem repetidas com fervor
Apenas respeitadas
Como a única coisa que resta a um homem inundado de sentimentos
Porque metade de mim é o que ouço
Mas a outra metade é o que calo.
Que essa minha vontade de ir embora
Se transforme na calma e na paz que eu mereço
Que essa tensão que me corrói por dentro
Seja um dia recompensada
Porque metade de mim é o que eu penso mas a outra metade é um vulcão.
Que o medo da solidão se afaste, e que o convívio comigo mesmo se torne ao menos suportável.
Que o espelho reflita em meu rosto um doce sorriso
Que eu me lembro ter dado na infância
Por que metade de mim é a lembrança do que fui
A outra metade eu não sei.
Que não seja preciso mais do que uma simples alegria
Pra me fazer aquietar o espírito
E que o teu silêncio me fale cada vez mais
Porque metade de mim é abrigo
Mas a outra metade é cansaço.
Que a arte nos aponte uma resposta
Mesmo que ela não saiba
E que ninguém a tente complicar
Porque é preciso simplicidade pra fazê-la florescer
Porque metade de mim é platéia
E a outra metade é canção.
E que a minha loucura seja perdoada
Porque metade de mim é amor
E a outra metade também.

quinta-feira, 26 de julho de 2012

Não é mera opinião...

Música pop está barulhenta demais e muito igual, diz a ciência

Pesquisadores espanhois analisaram arquivo de canções entre 1955 e 2010 e descobriram que música está mais barulhenta e acordes, melodias e timbres, muito parecidos...




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Como já suspeitavam os maiores de 35 anos, a música pop atual está mais barulhenta, e parece tudo igual, segundo cientistas da Espanha.
Eles compararam um enorme arquivo chamado Million Song Dataset, que "traduz" o conteúdo de letra e música em dados que podem ser esmiuçados, e assim analisaram canções populares feitas entre 1955 e 2010.
Com o uso de complexos algoritmos, eles descobriram que as canções pop se tornaram intrinsecamente mais barulhentas e mais insípidas em termos de acordes, melodias e timbres.
"Encontramos evidências de uma progressiva homogeneização do discurso musical", disse à Reuters Joan Serra, especialista em inteligência artificial do Conselho Nacional Espanhol de Pesquisas, que liderou o estudo.
"Em especial, obtivemos indicadores numéricos de que a diversidade de transições entre as combinações de notas --grosso modo, os acordes mais as melodias-- diminuiu consistentemente nos últimos 50 anos".
Eles também mostraram que a chamada paleta de timbres empobreceu. A mesma nota tocada no mesmo volume por um piano ou um violão, por exemplo, tem timbres diferentes. Ou seja, os pesquisadores concluíram que o pop moderno tem uma variedade mais limitada de sons.
Há muito tempo a indústria fonográfica é acusada de aumentar o volume das gravações, travando uma "guerra sonora", mas Serra disse que essa foi a primeira vez que isso foi mensurado com base em um grande bancos de dados.

fonte: http://ultimosegundo.ig.com.br/ciencia/2012-07-26/musica-pop-esta-barulhenta-demais-e-muito-igual-diz-a-ciencia.html

quinta-feira, 5 de julho de 2012

O primeiro aluno da classe


Clarice Lispector   (Ucrânia, 1925 - Brasil, 1977)

Seu segredo é um caracol. O cabelo é bem cortado, os olhos são delicados e
atentos. Sua cortês carne de nove anos ainda é transparente. É de uma polidez
inata: pega nas coisas sem quebrá-las. Empresta livros para os colegas, ensina a
quem lhe pede, não se impacienta com a régua e o esquadro, quando há tanto
aluno desvarrado. Seu segredo é um caracol. Do qual não esquece um instante.
Seu segredo é um caracol que o sustenta. Ele o cria numa caixa de sapato com
gentileza e cuidado. Com gentileza diariamente finca-lhe agulha e cordão. Com
cuidado adia-Ihe atentamente a morte. Seu segredo é um caracol criado com
insônia e precisão.