quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Há sempre uma desculpa para a ignorância e hipocrisia...

Na última semana  iniciaram a campanha: "Lula, faça o tratamento pelo SUS", no facebook, com mais de 120 mil participantes, aqui vou elencar alguns textos para pensarem racionalmente e criticamente de fato sobre este "movimento". O que neste caso me deixa indiferente a esta pseudo-elite brasileira que faz de tudo para voltar ao poder, no caso o maior cargo político- a presidência (já não basta em São Paulo) é que tenho absoluta certeza de que, se o ex-presidente tivesse sendo tratado no SUS, eles fariam a campanha "Lula, deixe de usar o pouco que o povo tem", ou seja, criticariam que o ex-presidente tem condições para pagar um tratamento, mas estaria tirando o lugar de alguém que realmente necessita do serviço do SUS.Alguém já questionou sobre um PSDbista não fazer um tratamento no SUS? Um FHC, um Serra?

Na verdade, o que importa não é a ação, mas como transformar a ação em discurso que os agrade e agrida seus inimigos, o pior é que este discurso, que é da elite, é uma febre disseminada, e muitos aderem ideologicamente estas falas do outro, sem compreensão do processo e sem identidade própria de seu pensar, que já foi fuzilada pela mídia e seus donos.


Por Michel Blanco . 31.10.11 - 10h13

Comentários cancerígenos

A repercussão do câncer de Lula na internet remete ao clima de baixarias que inundaram as redes sociais nas eleições 2010. Não à toa. Lula é peça-chave no jogo político, e a boçalidade destampada no período eleitoral continua a ser alimentada à farta.
O ex-presidente fez bem ao tornar logo público o tumor na laringe. Agiu com a transparência que se espera de quem deixou o Planalto com índice de aprovação de 87%. Não se trata apenas de um drama pessoal. Embaralha qualquer cenário que se vislumbre para as eleições municipais de 2012 e, obviamente, para a sucessão presidencial de 2014.
É nesse contexto que desponta nas redes sociais a campanha “Lula, faça o tratamento pelo SUS”. Ela renova o ódio reacionário que marcou a disputa eleitoral do ano passado, em que o auge foi a exortação do afogamento de nordestinos em São Paulo.
Lula poderia ir a um hospital público, como o Instituto do Câncer do Estado de São Paulo, mas preferiu o Sírio-Libanês, onde seus médicos trabalham – também ali se trataram de câncer o então vice-presidente José Alencar e a então chefe da Casa Civil Dilma Rousseff. Aliás, é desejável que ele não ocupe vaga de quem depende da rede pública de saúde.
Por que a campanha para Lula se tratar pelo SUS? Só ressentimento e ignorância explicam tamanha estupidez. Algum mimimi se no lugar do petista estivesse um tucano de densa plumagem? E se Lula fosse ao Instituto do Câncer não receberia tratamento de ótima qualidade, como todos que lá estão? O mais curioso é ver que o sujeito que quer Lula num leito público também comemorou o fim da CPMF, cuja extinção beneficiou uma parcela de brasileiros que, da classe média para cima, deixaram de entregar 0,1% sobre o valor de cada movimentação financeira para a saúde pública.
O ódio dessa minoria contra Lula escandaliza agora alguns de seus críticos sensatos na imprensa. Mas não se trata de cobrar comportamento decente de leitores, quando parte da mídia é responsável por fomentar essa raiva e dela se beneficia. Basta recordar como foi a cobertura do título honoris causa concedido a Lula pela Sciences Po.
Choca que a galera vomite nas redes tanta escrotidão com a mesma — ou até mais — desinibição que em círculos íntimos. A parada, porém, é mais profunda. Não é uma questão de compostura, mas classe. Melhor, classes. Num clima que transborda o ódio de quem sente as referências de exclusividade social se esvair, ainda que muito, mas muito lentamente.



Fátima Oliveira: 120 mil analfabetos em SUS

por Fátima Oliveira, comentário enviado por e-mail
“Elizângela, em boa hora o seu excelente artigo.
Destaco dele o seguinte trecho:
‘De acordo com a agência de notícias IDGNow, especializada em tecnologia, houve 120 mil compartilhamentos da foto do ex-presidente com a mensagem ‘Lula, faça o tratamento pelo SUS’, no Facebook, desde sábado à tarde até esta segunda. Ainda não há números sobre a repercussão no Twitter’.
O lamentável: são 120 brasilr@s ignorantes em SUS! Porque se fossem, minimamente, letrados em SUS parabenizariam Lula por usar o seu plano de saúde e não sobrecarregar o SUS desnecessariamente.
Ao optar por se tratar via plano de saúde, Lula demonstrou, exemplarmente, sabedoria e consciência cívica, por 2 motivos:
1. O SUS vem lutando para que os planos de saúde paguem os procedimentos feitos pelo SUS em suas clientelas – medida de justiça social – mas ainda é uma batalha receber tal dívida dos planos para com o SUS (os planos acham que não devem – como não? Se as pessoas pagaram e não usaram!)
2. Lula atendido pelo SUS ocuparia, de imediato, uma vaga de quem precisa mais que ele – por não ter dinheiro para pagar e nem plano de saúde a recorrer…
Era isso que essa gente queria que Lula fizesse?
Aí nem ‘Sangue de Jesus tem poder’… Ofereço-lhes  RECADIM de Guimarães Rosa: ‘O medo é a extrema ignorância em momento muito agudo’.




Maria Inês Nassif: guia de boas maneiras na política. E no jornalismo

publicada terça-feira, 01/11/2011 às 11:40 e atualizada terça-feira, 01/11/2011 às 11:40
Por Maria Inês Nassif, na Carta Maior
A cultura de tentar ganhar no grito tem prevalecido sobre a boa educação e o senso de humanidade na política brasileira. E o alvo preferencial do “vale-tudo” é, em disparada, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Por algo mais do que uma mera coincidência, nunca antes na história desse país um senador havia ameaçado bater no presidente da República, na tribuna do Legislativo. Nunca se tratou tão desrespeitosamente um chefe de governo. Nunca questionou-se tanto o merecimento de um presidente – e Lula, além de eleito duas vezes pelo voto direto e secreto, foi o único a terminar o mandato com popularidade maior do que quando o iniciou.
A obsessão da elite brasileira em tentar desqualificar Lula é quase patológica. E a compulsão por tentar aproveitar todos os momentos, inclusive dos mais dramáticos do ponto de vista pessoal, para fragilizá-lo, constrange quem tem um mínimo de bom senso. A campanha que se espalhou nas redes sociais pelos adversários políticos de Lula, para que ele se trate no Sistema Único de Saúde (SUS), é de um mau gosto atroz. A jornalista que o culpou, no ar, pelo câncer que o vitimou, atribuindo a doença a uma “vida desregrada”, perdeu uma grande chance de ficar calada.
Até na política as regras de boas maneiras devem prevalecer. Numa democracia, o opositor é chamado de adversário, não de inimigo (para quem não tem idade para se lembrar, na nossa ditadura militar os opositores eram “inimigos da pátria”). Essa forma de qualificar quem não pensa como você traz, implicitamente, a ideia de que a divergência e o embate político devem se limitar ao campo das ideias. Esta é a regra número um de etiqueta na política.
A segunda regra é o respeito. Uma autoridade, principalmente se se tornou autoridade pelo voto, não é simplesmente uma pessoa física. Ela é representante da maioria dos eleitores de um país, e se deve respeito à maioria. Simples assim. Lula, mesmo sem mandato, também o merece. Desrespeitar um líder tão popular é zombar do discernimento dos cidadãos que o apoiam e o seguem. Discordar pode, sempre.
A terceira regra de boas maneiras é tratar um homem público como homem público. Ele não é seu amigo nem o cara com quem se bate boca na mesa de um bar. Essa regra vale em dobro para os jornalistas: as fontes não são amigas, nem inimigas. São pessoas que estão cumprindo a sua parte num processo histórico e devem ser julgadas como tal. Não se pode fazer a cobertura política, ou uma análise política, como se fosse por uma questão pessoal. Jornalismo não deve ser uma questão pessoal. Jornalistas têm inclusive o compromisso com o relato da história para as gerações futuras. Quando se faz jornalismo com o fígado, o relato da história fica prejudicado.
A quarta regra é a civilidade. As pessoas educadas não costumam atacar sequer um inimigo numa situação tão delicada de saúde. Isso depõe contra quem ataca. E é uma péssima lição para a sociedade. Sentimentos de humanidade e solidariedade devem ser a argamassa da construção de uma sólida democracia. Os formadores de opinião tem a obrigação de disseminar esses valores.
A quinta regra é não se deixar contaminar por sentimentos menores que estão entranhados na sociedade, como o preconceito. O julgamento sobre Lula, tanto de seus opositores políticos como da imprensa tradicional, sempre foi eivado de preconceito. É inconcebível para esses setores que um operário, sem curso universitário e criado na miséria, tenha ascendido a uma posição até então apenas ocupada pelas elites. A reação de alguns jornalistas brasileiros que cobriram, no dia 27 de setembro, a solenidade em que Lula recebeu o título “honoris causa” pelo Instituto de Estudos Políticos de Paris, é uma prova tão evidente disso que se torna desnecessário outro exemplo.
No caso do jornalismo, existe uma sexta regra, que é a elegância. Faltou elegância para alguns dos meus colegas.


Lula deixa hospital e divulga vídeo de agradecimento na internet


E então? Quem tem argumentos é outra coisa: não precisa ganhar no grito e com a ignorância dos outros... 

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