sábado, 16 de outubro de 2010

EU RECOMENDO!!!! Polícia e políticos são os alvos em "Tropa de Elite 2"

Não se iluda pela gravata: apesar de maduro, Nascimento tem seus momentos de capitão em "Tropa de Elite 2"
Nenhum personagem foi tão celebrado no ano de 2007 quanto o capitão Nascimento, papel de Wagner Moura em "Tropa de Elite". A postura rígida do oficial do Batalhão de Operações Policiais Especiais (BOPE), fruto de seu repúdio por traficantes, usuários de drogas e policiais corruptos, caiu no gosto dos brasileiros, além de uma série de jargões curiosos – não necessariamente do personagem, mas tão envolventes quanto se fossem.
O boca a boca foi a melhor divulgação do longa-metragem, pirateado e assistido bem antes de sua estreia oficial nos cinemas, e seu ápice foi a vitória no Festival de Berlim de 2008, de onde o diretor José Padilha saiu com o Urso de Ouro de melhor filme.
Agora, três anos depois de todo o alvoroço, "Tropa de Elite 2" chega aos cinemas brasileiros nesta sexta-feira com a expectativa de mais sucesso, mais jargões e mais atitudes severas do capitão Nascimento – desta vez não apenas como integrante do BOPE, mas atuando como subsecretário de Inteligência da Secretaria de Segurança da cidade do Rio de Janeiro.
Logo no início o filme mostra uma rebelião no presídio de Bangu I, chefiada pelo traficante Beirada (Seu Jorge). Toda a operação que envolve o fim do problema serve de pretexto para reapresentar personagens do primeiro filme, como o próprio Nascimento e seu pupilo, André Matias (André Ramiro), e introduzir novos, como o acadêmico e defensor dos direitos humanos Diogo Fraga (Irandhir Santos).
Após um desfecho trágico, o então tenente-coronel Nascimento é promovido para a Secretaria de Segurança – a contragosto do secretário e do próprio governador, mas como explica o próprio policial, "a opinião pública gosta de ver bandido morto". E essa afirmação resume bem a diferença do que a plateia vai encontrar nessa nova história: sem os ladrões de regata e chinelo, entram os de terno e gravata.
Se no primeiro filme o diretor José Padilha deixou transparecer no BOPE uma solução para o problema da violência no Rio de Janeiro, agora o cineasta desfaz o mal entendido e mostra que ao matar traficantes, "os caveiras" colaboram com outro lado do sistema: as milícias.
Formadas por policiais corruptos, elas assumem as favelas cariocas extorquindo dinheiro de comerciantes e moradores – quase sempre de maneira tão ou mais brutal que os traficantes que ali viviam. E é aos poucos que Nascimento descobre que seu trabalho de duas décadas no BOPE foi insuficiente – e a recompensa amarga: enquanto no plano profissional ele é obrigado a conviver com a lama política, no pessoal o relacionamento com o filho é posto em xeque pelos questionamentos de sua ex-mulher e o novo marido.
"Tropa de Elite 2" é mais pesado que seu antecessor, pois reflete o lado mais perverso da criminalidade no Brasil: a corrupção. É mais fácil para o público assistir à tragédia do criminoso de chinelo, que invariavelmente acaba preso ou morto, do que acompanhar o desenlace do criminoso de gravata, que após um tempo distante da mídia ressurge em santinhos da próxima eleição – e ainda consegue votos.
As palmas no término da exibição do filme, exibido na noite desta terça-feira no Teatro Municipal de
Paulínia, indicam que José Padilha acertou novamente. E o público pode ficar aliviado: apesar de
amadurecido e amargurado, o subsecretário Nascimento ainda tem seus momentos de capitão Nascimento.

TRAILER DO FILME




"Nascimento é um personagem clássico da tragédia grega"

Wagner Moura analisa o papel do oficial do BOPE na sequência do sucesso "Tropa de Elite"

Após a premiére do filme realizada na última terça-feira (05.10) em Paulínia, interior de São Paulo, o ator Wagner Moura e o diretor José Padilha conversaram com jornalistas sobre o retorno do capitão Nascimento em "Tropa de Elite 2".

O ator comparou o papel do policial em ambos os filmes e defendeu uma continuidade da carga dramática do personagem, comparando situações de "Tropa de Elite" com sua sequência, que estreia esta sexta em 661 salas de todo o País.
"Nós decidimos que o Nascimento teria mais consciência - e quanto mais consciente ele se torna, pior ele fica, pois percebe que dedicou a vida inteira a uma coisa que ele julgava nobre como propósito, mas que não seria a população, mas sim ao Estado - mentiram pra ele", explicou o ator.

Veja abaixo Wagner Moura definindo o capitão Nascimento em "Tropa de Elite 2":


"Minha lealdade como cineasta não é ao Estado", diz José Padilha

Diretor de "Tropa de Elite 2" ataca a pirataria e defende o cinema político em coletiva

 

Em coletiva realizada na manhã desta quarta (06.10), no Theatro Municipal de Paulínia, interior de São Paulo, equipe e elenco do filme "Tropa de Elite 2" demonstraram ansiedade em saber a opinião dos jornalistas sobre a sequência do sucesso de 2007, "Tropa de Elite".
A expectativa, que já era alta, aumentou vigorosamente após o término da primeira projeção, ocorrida na noite anterior, que foi ovacionada pelo público. Isso, somado à notícia de que o longa vai estrear nesta sexta (08.10) em 636 salas, promete gerar uma discussão quente sobre temas espinhosos de política e sociedade brasileiras, não por acaso permeados pela corrupção.

A estrela da coletiva foi o cineasta José Padilha, conhecido por seus trabalhos politizados, como os documentários "Ônibus 174" (2002) e "Garapa" (2008) - e também pelo primeiro "Tropa de Elite". Com o discurso afiado, o diretor alegou não ter sentido haver pressão em sua realização por estar lidando com dinheiro de incentivo fiscal.

"O financiamento público não é um financiamento do Estado. É um financiamento do público. O Estado não produz riqueza nenhuma. O Estado cobra impostos. Então a minha lealdade como cineasta não é para o Estado, pois não me sinto financiado por ele. Me sinto financiado pelos milhões de brasileiros que pagam seus impostos, compram produtos e geram lucros para as empresas que aplicam no audiovisual. Então o comprometimento é com o meu público", explicou.
Padilha deixou claro que acredita no cinema político e no poder de um filme - ou um conjunto de filmes - interferir na realidade e provocar uma reação, tanto do público quanto de pessoas que ocupam "cargos chave" do governo.

"Alguns políticos reagiram ao filme antes mesmo do lançamento, dizendo 'eu não sou o deputado tal', 'eu não sou o governador do filme'. O fato é que o roteiro aborda acontecimentos modificados, mas reais. Houve uma rebelião em Bangu, políticos do Rio estão em fotos com milicianos de verdade, existiu um pedido de CPI que foi aberto só após a pressão da mídia... O governador do filme não é um governador, pois esses acontecimentos passaram por governos diferentes, mas alguns políticos insistem em se identificar", disse.

Outra questão levantada envolve a data de lançamento do filme, que chega aos cinemas do país em meio ao segundo turno da disputa pela presidência da República. "O ano estava difícil para datas, pois tínhamos uma Copa do Mundo e logo depois as eleições. E mais tarde tem a estreia do novo 'Harry Potter', o que diminuiria bastante o número de salas. Tínhamos duas datas: 03 de setembro e 08 de outubro. Como o filme não ficou pronto em setembro, lançamos agora", explica Padilha.

Quanto a uma possível influência de "Tropa de Elite 2" no segundo pleito, o diretor revelou um certo pessimismo, alegando que "tudo o que o filme trata infelizmente continuará sendo verdade antes e depois dessa eleição." "Se o filme fizer a Dilma ou o Serra falarem de segurança pública, estou feliz."

Esquema de segurança e criação coletiva

Em meio a muitas perguntas políticas, José Padilha jogou até em si a culpa de não se falar tanto do filme como cinema. Mas quando o fez, desmistificou o curioso processo de segurança para impedir que o filme fosse pirateado - como ocorreu com o primeiro "Tropa de Elite".

"O que aconteceu no primeiro filme foi um trauma", explicou o ator Wagner Moura. "Era revoltante ouvir pessoas dizendo que nós vazamos a cópia para promovê-lo ou que era um jeito de democratizar o audiovisual. Mas o que aconteceu foi um roubo", desabafa.
Na sequência, Padilha atacou a pirataria, elencando diversos motivos para condená-la, como a sonegação fiscal, competição ilegal e corrupção de autoridades. "Não dá para aceitar que o Ministério da Cultura aceite a pirataria dessa forma, por isso montamos um esquema de segurança."

"Onde existia o filme em formato digital havia câmeras, senhas de acesso e nenhuma conexão de internet. Finalizamos o longa apenas em película, então para roubá-lo a pessoa precisaria pegar sete rolos enormes de negativos, exibir o filme no cinema e filmá-lo com uma câmera", disse o cineasta.

Após sua conclusão, "Tropa de Elite 2" teve todas as cópias numeradas, o que facilitaria a identificação do cinema que deixar o filme vazar - caso isso aconteça após seu lançamento. "É caro tomar essas medidas, aumentou bastante o nosso orçamento, mas as leis do Brasil são coniventes com quem pirateia", encerrou.

Outro ponto abordado por Padilha foi a criação coletiva de um longa. De acordo com ele, o diretor não é autor do filme, pois está sujeito a “insights” constantes de outros membros da equipe e elenco, que colaboram para a realização da fita.

"O cinema brasileiro tem melhorado muito nos últimos tempos, e isso não quer dizer que os diretores melhoraram, mas sim que as equipes técnicas têm melhorado. Se eu quiser estragar o filme, os outros não vão deixar."

Para evitar o que ocorreu no filme anterior, que acabou sendo montado duas vezes, o diretor pediu que o montador Daniel Rezende participasse de todo o processo de filmagem, fato considerado incomum no cinema e que reforça a tese de criação coletiva de Padilha.

"Unir a pós-produção com é pré-produção é algo que não costuma acontecer. Nunca ouvi história de montador no set - uma facção inclusive diz que o montador deve se distanciar das filmagens, manter seu olhar fresco, mas, neste caso, ajudou bastante", contou Daniel.

Veja abaixo trechos da coletiva do filme:




fonte: www.ultimosegundo.com.br

Um comentário:

Brenda disse...

Esse filme deveria ter ido aos cinemas uma semana antes das eleições

Muito Booooom! Vale a pena assistir.