quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

HENFIL - vale a pena relembrar, muito mais conhecer...

Henrique de Sousa Filho, mais conhecido como Henfil (Ribeirão das Neves, 5 de fevereiro de 1944Rio de Janeiro, 4 de janeiro de 1988), foi um cartunista, quadrinista, jornalista e escritor brasileiro.


FRASES DE HENFIL:


Tem esse negócio chamado década, década de 60, década de 70... que década o cacete! Não existe isso. E eu não tenho 39 anos. Eu tenho milhões de anos, já tenho conhecimento mínimo suficiente para saber que sou fruto genético de uma ameba. Não sou filho de Dona Maria da Conceição. Sou filho de uma ameba há trilhões de anos. Não tenho 39 anos, tenho trilhões de anos.


O surgimento do PT brasileiro é apenas o embrião de uma série de movimentos nesse sentido que vão surgir no Brasil e que já surgiram no mundo, que é a união entre os operários e camponeses, com escritores, jornalistas etc. Então eles procuram denegrir dizendo que intelectual é uma coisa ruim, uma coisa suspeita, que é uma coisa ilegal, o operário estar do lado do intelectual. Então eu descobri uma coisa óbvia: o contrário de intelectual não é operário, o contrário de intelectual é vegetal, logo, todos somos intelectuais, só a pedra
não é.

O Lula é tão intelectual que foi capaz de fundar um partido e é um guia hoje, uma vanguarda no pensamento político brasileiro muito maior do que qualquer Fernando Henrique Cardoso, que é o chamado intelectual.

 Deus, que é homem, arrumou barro para brincar de fazer a Terra, os seres humanos, deu o sopro, aquelas coisas... Nossa Senhora não precisou fazer nada disso. Simplesmente gerou Jesus Cristo, só isso e já fez tudo. O fato de ter um filho, torna a mulher um ser adulto desde que nasceu...


A criancice é típica do homem. A mulher nunca foi criança, nunca será criança. Ela vem preparada para ser algo especial no mundo, que, no caso, é uma coisa irreversível; não há nada que possa evitar isso que é o gerar filhos. Ela é mais preparada numa série de coisas. O filho do homem é a bomba atômica, é o plástico...  
 Há um radar coletivo que os pobres têm, e que os ricos não têm, tanto que estão levando o mundo para a própria destruição deles: a classe rica vai ser destruída pela próxima movimentação da Terra. Eles perderam o faro, perderam a sensibilidade porque a morte para eles é uma coisa que não existe.


Enquanto acreditarmos no nosso sonho, nada é por acaso

Se não houver frutos, valeu a beleza das flores; se não houver flores, valeu a sombra das folhas; se não houver folhas, valeu a intenção da semente.

Quando eu faço um desenho, eu não tenho a intenção que as pessoas riam. A intenção é de abrir, e de tirar o escuro das coisas.







A chave para você fazer humor engajado,
É você estar engajado.
Não há chance de você ficar na sua casa
Vendo os engajamentos lá fora,
E conseguir fazer algo.
(Henfil, Como se faz humor político)
Em 1964, começava a ditadura militar no Brasil. Os oficiais linha-dura dominavam o governo e a população protestava contra o regime, organizavam greves e passeatas. Os jornalistas escreviam com ironia as críticas contra os militares e eram censurados ou mandados para o exílio.
É neste contexto que um dos maiores cartunistas brasileiros publicava suas charges. Henrique de Souza Filho, mais conhecido como Henfil, teve sua vida profissional envolta a um regime ditatorial e seu maior desejo era que a ditadura terminasse. Por isso, fazia charges de situações cotidianas com muito humor escrachado e recheado de críticas. O desenhista costumava dizer que não nasceu no berço das artes gráficas, mas de uma guerra social.
Henfil iniciou sua carreira em 1964 como revisor na revista Alterosa. Como era uma pessoa inquieta e não entendia muito da função, Henfil passava os dias a desenhar. O escritor Roberto Drummond foi quem reconheceu o talento do então garoto que não acreditava que sabia desenhar. “Eu era um péssimo desenhista. Meus desenhos poderiam servir, no máximo, para um catálogo de esquizofrênicos, ou uma coleção de desenhos de débil mental”, afirmou Henfil à revista Grilo, em 1973.
O cartunista começou a fazer sucesso com suas charges relacionando futebol com o problema de classes sociais. “Eu quero ser a mão do povo desenhando”, costumava dizer. Henfil era corajoso. Assim como seus irmãos Bentinho (exilado assim que a ditadura entrou em vigor) e Chico Mário, era hemofílico e contraiu AIDS em uma transfusão de sangue nos hospitais, que não tinham muito cuidado em verificar a procedência do material. Henfil usava da doença para desafiar as autoridades e sair ileso das provocações. “A ditadura tinha receio de lidar com Henfil, pois ele era um mártir em potencial. Sendo frágil por conta da hemofilia, qualquer agressão física poderia matá-lo. A ditadura entendia isso. Inquieto, ele sabia tirar partido de tão desfavorável situação para ser mais atrevido e potente em suas seguidas e arriscadas atitudes em nome da liberdade”, conta o cartunista e cientista político Márcio Malta, mais conhecido como Nico e autor da biografia de Henfil, intitulada Henfil – o humor subversivo.
Apesar disso, Henfil não era um inimigo dos militares. “Muitos militares simpatizavam com as piadas publicadas n’O Pasquim, por exemplo, mas o alto comando não tolerava, censurando muitas vezes e, como é sabido, vigiando de perto os movimentos dos humoristas de esquerda”, conta Nico. Por conta de suas tiras, Henfil recebia telefonemas do Comando de Caça aos Comunistas (CCC), ameaçando a vida de sua família e amigos. Mas nunca chegou a ser preso.
O chargista foi um dos responsáveis por introduzir um comportamento que se tornaria a marca registrada d’O Pasquim. Usava de palavras abominadas pela sociedade da época, como cocô, meleca e desenhava gestos considerados obscenos em figuras de padres, os fazia cuspindo, soltando gazes e ensinando a prática do “top-top”.
Como não poderia deixar de ser, as personagens das charges eram todas politizadas. Uma das séries de maior sucesso do cartunista foi a turma do alto da caatinga, formada pelo cangaceiro Capitão Zeferino, a Graúna e o Bode Orelana, que teciam comentários irônicos principalmente sobre a parte Sul do país, a parcela desenvolvida do Brasil. Por meio destas personagens, Henfil esbravejava contra as desigualdades sociais, o machismo, a corrupção, os latifundiários, a educação burguesa e principalmente contra a censura e, claro, o regime militar.
A escolha pelo sertão nordestino não foi por acaso. Influenciado por obras como Os Sertões, de Euclides da Cunha, e filmes de Glauber Rocha, Henfil propunha-se a criticar a excessiva quantidade de teorias que a esquerda importava da Rússia ou Cuba e também criticava a predominância de heróis de quadrinhos estadunidenses. Nico confirma o envolvimento de Henfil nestas questões mundiais. “A obra de Henfil é o que chamo de produção “comprometida”. Um humor que não busca somente o riso, mas também está preocupado em conscientizar. O clima da época e de sua geração influenciaram muito, assim como a militância nos setores mais progressistas da Igreja Católica na juventude, onde desenvolveu a noção da justiça social”, sintetiza.
Na lista de personagens de Henfil, alguns foram criados com o objetivo de criticar a ditadura. São Ubaldo, o paranóico (e o mais famoso), Tamanduá, Cabôco Mamadô, Delegado Flores e Xabu, o provocador.
O Cabôco Mamadô tem uma história interessante. Era dono de um cemitério atípico, pois apenas enterrava quem ainda estava vivo. Assim, o cartunista enterrava simbolicamente personalidades públicas que considerava a favor do regime militar. Seu cúmplice era o Tamanduá, que sugava os cérebros das pessoas enterradas para conhecer seus segredos mais íntimos. O enterro que mais repercutiu foi o da cantora Elis Regina, que aceitou convite para cantar o Hino Nacional nas Olimpíadas do Exército em 1972. A cantora chegou a pedir para que fosse “desenterrada”, mas Henfil não voltava atrás, já que pensava que o compromisso com a democracia e o povo eram obrigatórios.
O Delegado Flores e Xabu, o provocador, lidavam com a ditadura no aspecto comportamental. O Delegado Flores defendia os setores marginalizados, como estudantes e trabalhadores. Xabu, o provocador – como o próprio nome diz -, gostava de criar conflitos. Com ele, Henfil abordava reivindicações sociais.
Ubaldo, o paranóico, também tem uma alcunha que o denuncia. O paranóico vive com medo de ser pego pela ditadura, mesmo sem ter feito nada que pudesse desagradar os militares. A personagem surgiu da parceria entre Henfil e o crítico musical Tárik de Souza, em 1975, após descobrirem a morte do jornalista Vladimir Herzog nos porões do DOI-CODI (Destacamento de Operações de Informações – Centro de Operações de Defesa Interna). Com o Ubaldo, Henfil satirizava a paranóia que os “anos de chumbo” do regime trouxeram e sugeria à população que adotasse um comportamento mais livre neste início de queda do regime.
Henfil faleceu em 1988, junto com o regime contra o qual tanto lutou.


FONTES:
http://yukitori.wordpress.com/2008/10/24/henfil/
www.frasesfamosas.com.br/de/henfil.html
 

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